sábado, 10 de abril de 2010

Em Busca do Biocombustivel Perfeito

Empresas fazem a “corrida do ouro líquido” e lutam por financiamentos para colocá-lo no mercado. Fato engraçado sobre o negócio dos biocombustíveis.

Cerca de 200 empresas pesquisam o biocombustível perfeito – tão barato quanto os combustíveis fósseis, adaptável à infraestrutura atual, com baixa emissão de carbono, sustentável e que não ameace o abastecimento alimentar ou as florestas tropicais. Mas, mesmo os pesquisadores de vanguarda – que dizem estar em vias de resolver o enigma - não conseguem levantar o dinheiro de que precisam para iniciar a produção comercial.


"Todo mundo quer ser o primeiro a financiar a segunda fábrica", diz Arnold Klann, CEO da empresa biocombustíveis Blue Fire Etanol. "Ninguém quer ser o primeiro a financiar a primeira fábrica."

"Os bancos não estão dispostos a emprestar", disse Klann. "Eles são avessos a riscos." A indústria precisa do apoio de bancos e dos mercados públicos, uma vez que uma escala comercial vai custar mais de US$ 100 milhões, além do que os capitais de risco, que agora financia a indústria, desejam colocar em risco. Empresa de capital aberto, a Blue Fire faz etanol a partir de resíduos de madeira, lixo urbano, palha de arroz e trigo, e recebeu um US$ 40 milhões do U.S. Department of Energy (Departamento de Energia americano), mas tem demorado a atingir a produção comercial e os investidores estão céticos. A capitalização de mercado da empresa é de apenas US$ 25 milhões.

Temos escrito muito pouco sobre os biocombustíveis, principalmente porque a ciência de transformar plantas em combustível é bastante complicada, por isso é difícil separar as empresas com capacidade de tornar o negócio rentável, daquelas sem esperança. E este não é um desafio só para nós – a indústria de etanol de milho “torrou” muitos milhões de dólares de capital de investidores que se apressaram por entrar no mercado.

Ainda assim, há grandes forças movimentando os biocombustíveis, a maioria proveniente de Washington, onde o Congresso aprovou mandatos a favor dos biocombustíveis. A lei histórica Waxman Markey para alterações climáticas acaba de passar pela Comissão de Energia da Câmara e, caso se torne lei, dará um novo impulso para os biocombustíveis, ao elevar o preço da gasolina e do diesel.

Na BIO, Laurence Alexander, diretor gerente do banco de investimento Jefferies & Co., moderou um excelente grupo que ensina algumas coisas. Destaques:

É preciso muita matéria-prima para fazer biocombustíveis. Para que o etanol seja 5% da utilização americana de gasolina, seria necessário transformar 33% das culturas milho do país em etanol. Globalmente, seria necessário 100% das plantações de soja e de palmeiras para produzir 10% da oferta global de diesel. Essa é a produção atual, obviamente, e por isso é tão vital aumentar a produção.

Os biocombustíveis têm um problema de imagem. "Críticos influentes", diz Alexander, "poderiam mudar o debate político." A indústria precisa se preparar para responder a perguntas difíceis, mesmo que sejam apenas vagamente baseadas na realidade: quantas crianças passaram fome para que você fosse de carro ao trabalho hoje? Podemos acabar com as terras aráveis? Os biocombustíveis vão secar os aquíferos?

Nem todas as matérias primas são plantadas igualmente. Sabemos disso, naturalmente, mas as variações de produtividade são drásticas. Em termos de galões de combustível produzidos por hectare, de acordo com Aristides Patrinos, o presidente da Synthetic Genomics, a cana-de-açúcar (800) e switchgrass (gramínea de crescimento rápido, comum nas grandes planícies dos Estados Unidos – 500) superam o milho (375) ou a Jatropha (pinhão manso - 202). Ainda assim, sua empresa, iniciada por Craig Venter, está animada com a Jatropha, pois essa planta produz um óleo de alta qualidade, cresce em solos pobres e pode viver em regiões semi-áridas. "Esse é, em nossa opinião, o combustível ideal, porque não chega a competir pela mesma terra para produção de alimentos", disse Patrinos. É significantemente maduro para a modificação genética em busca de melhor produtividade. "Acabamos recentemente de anunciar a sequencia do genoma da Jatropha", disse ele. Quem diria?

Dois iniciantes bem financiados obtiveram resultados impressionantes. Um deles foi a Amyris Biotechnologies, já conhecida. Uma empresa fascinante, apoiada por Kleiner Perkins, a primeira a produzir uma droga anti-malária de baixo custo para a Fundação Gates e agora desenvolve combustível para motores diesel em uma planta piloto, no Norte da Califórnia. (Jack Newman, co-fundador, ficou popular por suas colunas no FORTUNE Brainstorm"s Green.)

O outro é a Solazyme, outra empresa que usa algas para converter matéria-prima celulósica em combustível. Harrison Dillon, o presidente e diretor de tecnologia, que também é um advogado de patentes, disse que a empresa é capaz de fazer combustível a base de óleo em escala comercial, mas que seus custos ainda são mais elevados que os combustíveis fósseis.

Devido à redução de capital, pode ser que produtores bem estabelecidos tenham de entrar no mercado de biocombustíveis para dar escala ao negócio. A DuPont e Genencor, divisão da dinamarquesa Danisco, formou uma joint venture no ano passado para desenvolver negócios com etanol celulósico, a partir do milho Stover ou switchgrass, no Tennessee, que forneceu subsídios para a unidade e paga aos agricultores para plantar o switchgrass (Leva três anos para desenvolver o primeiro grupo). A DuPont e a Genencor comprometeram-se com investimentos de US$ 140 milhões, por três anos. Eles, obviamente, têm capacidade de investir mais, se necessário.

Eles também têm histórico. A DuPont e a Genencor uniram-se a quase 15 anos, para investigar o processo que produz um material renovável conhecido como bio-PDO, que é fabricado a partir do amido de milho, aplicado em tapetes, têxteis e shampoos. É um dos grandes sucessos dos negócios com bio-materiais.

Fonte: Agenda Sustentável (http://www.agendasustentavel.com.br/)

2 comentários:

  1. Talvez o alto investimento, tanto financeiro por máquinas como por podrutos, possa realmente ser o ponto principal para não terem testado ainda o biocombustível como o combustível mais procurado e usado, assim como a gasolina por exemplo. Outra hipótese é a incerteza da aceitação do mesmo no mercado, ficando nessa de "um deixar para o outro" introduzi-lo primeiro, pois se der certo, para introduzir o segundo, não haverá dúvidas.

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  2. Excelente post. Parabéns! NOTA MÁXIMA!

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