sexta-feira, 30 de abril de 2010

Estudo francês alerta que o cultivo para biocombustíveis em florestas gera mais CO2 do que evita

Cultivar vegetais para produção de biocombustíveis em terras que antes eram ocupadas por florestas ou pradarias gera muito mais emissões de dióxido de carbono (CO2) do que permite evitar pela substituição de hidrocarbonetos, segundo um estudo da Agência do Meio Ambiente e do Controle da Energia da França (Ademe, na sigla em francês).

O balanço em termos de emissões de CO2 pode ser “catastrófico”, indicam os autores deste relatório dedicado à primeira geração de biocombustíveis. Pode ficar em duas a quatro vezes mais que com o recurso aos combustíveis de origem fóssil, sobretudo quando se destrói florestas tropicais para produzir óleo de palma. Reportagem da EFE, em Paris.

A razão é que, para obter esse óleo de palma que se cultiva por exemplo na Indonésia, não só geram-se gases do efeito estufa, mas previamente causou-se o desmatamento de uma mata que contribuía para a absorção de CO2, com algo similar acontecendo com as pradarias.

Os autores deste estudo, que se tornou público com meses de atraso, submeteram a exame os principais biocombustíveis comercializados na França.

Eficiências

O resultado é que o etanol obtido com cana-de-açúcar é o mais eficiente em termos ambientais, já que gera 90% menos de gases do efeito estufa que a gasolina. Sua elaboração, além disso, mobiliza em torno de 80% da energia que proporciona.

O bioetanol de milho, de trigo e de beterraba, assim como o biodiesel de couve-nabiça e de soja apresentam um balanço correto, com uma redução de emissões em torno de 60% a 80% em relação aos combustíveis fósseis que substituem e uma economia energética em sua elaboração entre 50% e 80%.

No entanto, o ETBE, um etanol obtido da beterraba, do trigo ou do milho representa lucro energético de apenas 20%, abaixo das exigências europeias.

De acordo com a direção europeia sobre as energias renováveis, para poder ser compatibilizado como útil em termos ambientais, um biocombustível deverá representar uma redução de CO2 de 35% em 2010 e de 50% em 2013.

O relatório foi divulgado um dia depois que o governo francês anunciou um plano impulsionado pela própria Ademe para o desenvolvimento de biocombustíveis de segunda geração para 2015.

* Reportagem da EFE, na Folha Online.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Biocombustível pode gerar energia da Copa

O biocombustível de soja pode ser utilizado como principal fonte de energia nos jogos da Copa do Mundo no Brasil e deverá dar total segurança aos meios de comunicação, sem risco de interrupção no fornecimento durante os eventos. Essa foi uma das propostas apresentadas no seminário A Copa do Mundo de 2014 – Normatização para Obras Sustentáveis, que reuniu empresários de diversas áreas no Senado por dois dias e terminou na última quinta-feira (17), por iniciativa da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle.


A defesa do biocombustível como fonte de energia na Copa foi feita pelo empresário Silvio de Oliveira, fabricante de motores de caminhão e que montou uma usina de biocombustível com capacidade para produzir 15 mil litros por dia no interior de São Paulo, para consumo próprio à base de gordura de frangos abatidos no frigorífico do mesmo grupo empresarial.

De acordo com Silvio Oliveira, eventos como os jogos da Copa do Mundo não podem depender do fornecimento convencional de energia elétrica pelas empresas concessionárias, devido ao risco de apagão repentino. Num caso desses, os geradores de emergência entram em ação, mas levam pelo menos 15 segundos para restabelecer a energia, o que causaria sérios prejuízos às transmissões. Assim, a proposta é que os geradores a biocombustível garantam a energia e o sistema convencional funcione como fonte secundária.

"Isso seria mais prático, mais seguro e daria tranquilidade para todo mundo que estivesse trabalhando ou assistindo aos jogos”, diz o industrial. Ele estima que a Copa do Mundo gastaria cerca de 2 bilhões de litros de biocombustível, caso fosse totalmente realizada com este combustível como sua principal fonte energética. Segundo ele, não haveria problemas para isso, porque, hoje, o país produz 5% (2,2 bilhões de litros) de biocombustível dos 44 bilhões de litros de diesel que consome por ano e pretende chegar a 20%, podendo estar próximo disso em 2014.

O objetivo do seminário foi recolher sugestões para elaboração de projeto de lei que defina normas sobre sustentabilidade das obras destinadas à realização do Mundial de 2014 e das demais competições internacionais que serão realizadas no Brasil nos próximos anos, como a Copa das Confederações, em 2011, e as Olimpíadas no Rio de Janeiro, em 2016. Um dos palestrantes demonstrou as vantagens de lâmpadas que economizam energia na iluminação pública e de ambientes como os estádios de futebol.


Fotos: divulgação


Netsite


Postagem: 2010-03-22

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Biocombustível do Brasil deverá substituir 10% da gasolina mundial

Cana-de-açúcar gera "combustível limpo" e deverá susbstituir a gasolina/Foto: Maria Hsu

A produção de biocombustível brasileira deverá ser suficiente para substituir 10% de toda a gasolina consumida no mundo. A conclusão foi feita por especialistas, em 28 de novembro, durante o Workshop Instrumentação e Automação Agrícola e Agroindustrial na Cadeia Cana-Etanol realizado na Embrapa Instrumentação Agropecuária, em São Paulo. Mas para que essa tendência vire realidade, é necessário que a tecnologia adequada esteja no campo e na própria planta, a cana-de-açúcar.


Para atingir a meta dos 10% da gasolina mundial, o país precisaria cultivar cerca de 35 milhões de hectares de cana-de-açúcar. Atualmente, cultiva seis hectares."Mas, com a introdução das novas tecnologias no campo, seja em instrumentação e automação agrícola ou na pesquisa genômica da cana-de-açúcar, esse número poderá cair para 20 milhões de hectares ou menos. Por isso, é fundamental identificar as principais necessidades de pesquisa para que possamos nos consolidar como o maior produtor mundial de etanol", destacou Luís Augusto Barbosa Cortez, professor da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas.

Já o presidente da Embrapa, Sílvio Crestana ressaltou que a agricultura e a ciência brasileira estão juntas neste momento em que o mundo discute os benefícios das energias renováveis. Segundo ele, parcerias dos setores público e privados também são fundamentais nesse aspecto, porque ajudam a alavancar o desenvolvimento do país. “A agricultura não vai avançar se não tiver a ciência ao seu lado”, completou.


Biocombustível gerado a partir da cana-de-açúcar como matéria-prima/Foto: stukinha

Para o coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Orlando Castro, também é necessário definir estratégias para o crescimento do setor. Ele sugeriu a criação de novos institutos dedicados à pesquisa em cana-de-açúcar. Todavia, o Brasil lidera com larga distância as publicações de artigos científicos sobre o tema. Somente os trabalhos produzidos em São Paulo equivalem à produção norte-americana, que ocupa a segunda colocação mundial.

Os Estados Unidos são os maiores produtores mundiais de etanol, com o combustível produzido a partir do milho. O Brasil ocupa a segunda posição, com o álcool combustível derivado da cana-de-açúcar.

A cana-de-açúcar é composta de três partes importantes para a produção do biocombustível:

• Sacarose
• Palha
• Bagaço

A sacarose é a parte mais utilizada de todas, enquanto a palha e o bagaço não auxiliam tanto no processo de transformação para o biocombustível. "Trabalhar o conceito de cana-energia é o grande desafio da ciência hoje", finalizou o presidente da Embrapa.

Fonte: http://www.ecodesenvolvimento.org.br/noticias/biocombustivel-do-brasil-devera-substituir-10-da

sábado, 10 de abril de 2010

Em Busca do Biocombustivel Perfeito

Empresas fazem a “corrida do ouro líquido” e lutam por financiamentos para colocá-lo no mercado. Fato engraçado sobre o negócio dos biocombustíveis.

Cerca de 200 empresas pesquisam o biocombustível perfeito – tão barato quanto os combustíveis fósseis, adaptável à infraestrutura atual, com baixa emissão de carbono, sustentável e que não ameace o abastecimento alimentar ou as florestas tropicais. Mas, mesmo os pesquisadores de vanguarda – que dizem estar em vias de resolver o enigma - não conseguem levantar o dinheiro de que precisam para iniciar a produção comercial.


"Todo mundo quer ser o primeiro a financiar a segunda fábrica", diz Arnold Klann, CEO da empresa biocombustíveis Blue Fire Etanol. "Ninguém quer ser o primeiro a financiar a primeira fábrica."

"Os bancos não estão dispostos a emprestar", disse Klann. "Eles são avessos a riscos." A indústria precisa do apoio de bancos e dos mercados públicos, uma vez que uma escala comercial vai custar mais de US$ 100 milhões, além do que os capitais de risco, que agora financia a indústria, desejam colocar em risco. Empresa de capital aberto, a Blue Fire faz etanol a partir de resíduos de madeira, lixo urbano, palha de arroz e trigo, e recebeu um US$ 40 milhões do U.S. Department of Energy (Departamento de Energia americano), mas tem demorado a atingir a produção comercial e os investidores estão céticos. A capitalização de mercado da empresa é de apenas US$ 25 milhões.

Temos escrito muito pouco sobre os biocombustíveis, principalmente porque a ciência de transformar plantas em combustível é bastante complicada, por isso é difícil separar as empresas com capacidade de tornar o negócio rentável, daquelas sem esperança. E este não é um desafio só para nós – a indústria de etanol de milho “torrou” muitos milhões de dólares de capital de investidores que se apressaram por entrar no mercado.

Ainda assim, há grandes forças movimentando os biocombustíveis, a maioria proveniente de Washington, onde o Congresso aprovou mandatos a favor dos biocombustíveis. A lei histórica Waxman Markey para alterações climáticas acaba de passar pela Comissão de Energia da Câmara e, caso se torne lei, dará um novo impulso para os biocombustíveis, ao elevar o preço da gasolina e do diesel.

Na BIO, Laurence Alexander, diretor gerente do banco de investimento Jefferies & Co., moderou um excelente grupo que ensina algumas coisas. Destaques:

É preciso muita matéria-prima para fazer biocombustíveis. Para que o etanol seja 5% da utilização americana de gasolina, seria necessário transformar 33% das culturas milho do país em etanol. Globalmente, seria necessário 100% das plantações de soja e de palmeiras para produzir 10% da oferta global de diesel. Essa é a produção atual, obviamente, e por isso é tão vital aumentar a produção.

Os biocombustíveis têm um problema de imagem. "Críticos influentes", diz Alexander, "poderiam mudar o debate político." A indústria precisa se preparar para responder a perguntas difíceis, mesmo que sejam apenas vagamente baseadas na realidade: quantas crianças passaram fome para que você fosse de carro ao trabalho hoje? Podemos acabar com as terras aráveis? Os biocombustíveis vão secar os aquíferos?

Nem todas as matérias primas são plantadas igualmente. Sabemos disso, naturalmente, mas as variações de produtividade são drásticas. Em termos de galões de combustível produzidos por hectare, de acordo com Aristides Patrinos, o presidente da Synthetic Genomics, a cana-de-açúcar (800) e switchgrass (gramínea de crescimento rápido, comum nas grandes planícies dos Estados Unidos – 500) superam o milho (375) ou a Jatropha (pinhão manso - 202). Ainda assim, sua empresa, iniciada por Craig Venter, está animada com a Jatropha, pois essa planta produz um óleo de alta qualidade, cresce em solos pobres e pode viver em regiões semi-áridas. "Esse é, em nossa opinião, o combustível ideal, porque não chega a competir pela mesma terra para produção de alimentos", disse Patrinos. É significantemente maduro para a modificação genética em busca de melhor produtividade. "Acabamos recentemente de anunciar a sequencia do genoma da Jatropha", disse ele. Quem diria?

Dois iniciantes bem financiados obtiveram resultados impressionantes. Um deles foi a Amyris Biotechnologies, já conhecida. Uma empresa fascinante, apoiada por Kleiner Perkins, a primeira a produzir uma droga anti-malária de baixo custo para a Fundação Gates e agora desenvolve combustível para motores diesel em uma planta piloto, no Norte da Califórnia. (Jack Newman, co-fundador, ficou popular por suas colunas no FORTUNE Brainstorm"s Green.)

O outro é a Solazyme, outra empresa que usa algas para converter matéria-prima celulósica em combustível. Harrison Dillon, o presidente e diretor de tecnologia, que também é um advogado de patentes, disse que a empresa é capaz de fazer combustível a base de óleo em escala comercial, mas que seus custos ainda são mais elevados que os combustíveis fósseis.

Devido à redução de capital, pode ser que produtores bem estabelecidos tenham de entrar no mercado de biocombustíveis para dar escala ao negócio. A DuPont e Genencor, divisão da dinamarquesa Danisco, formou uma joint venture no ano passado para desenvolver negócios com etanol celulósico, a partir do milho Stover ou switchgrass, no Tennessee, que forneceu subsídios para a unidade e paga aos agricultores para plantar o switchgrass (Leva três anos para desenvolver o primeiro grupo). A DuPont e a Genencor comprometeram-se com investimentos de US$ 140 milhões, por três anos. Eles, obviamente, têm capacidade de investir mais, se necessário.

Eles também têm histórico. A DuPont e a Genencor uniram-se a quase 15 anos, para investigar o processo que produz um material renovável conhecido como bio-PDO, que é fabricado a partir do amido de milho, aplicado em tapetes, têxteis e shampoos. É um dos grandes sucessos dos negócios com bio-materiais.

Fonte: Agenda Sustentável (http://www.agendasustentavel.com.br/)